sábado, 3 de março de 2012

Em entrevista, fundador do Megaupload compara site ao Google

Kim Dotcom conta que tirava do ar os arquivos ilegais.
Para ele, extravagância e passado hacker o fizeram 'alvo fácil'.

Fundador do Megaupload, Kim Dotcom, deixa uma corte de Auckland nesta terça-feira (28) (Foto: Gino Demeer/Reuters)<<< Fundador do Megaupload, Kim Dotcom, deixa
uma corte de Auckland nesta terça-feira (28)
(Foto: Gino Demeer/Reuters)

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O alemão Kim Dotcom, o fundador do Megaupload, concedeu na quinta-feira (1°) sua primeira entrevista para TV neozelandesa depois de ser solto da prisão. Ao jornalista John Campbell, o empresário, que é acusado de facilitar a pirataria e causar um prejuízo de US$ 500 milhões, disse que o site estava protegido pela lei do Digital Millennium Copyright Act (DMCA), a mesma que protege sites como o YouTube e o Google.
O fundador do Megaupload revela que começou o serviço quando tentou enviar um anexo por e-mail e o arquivo era muito grande. Segundo ele, o site transferia 800 arquivos por segundo a seus visitantes e a pirataria era apenas um dos vários usos possíveis. Ele diz ainda que o site dava acesso especial aos estúdios e às gravadoras, que tinham permissão para apagar diretamente os arquivos armazenados no Megaupload.
"Todo mundo acreditava que a lei [do DMCA] estava nos protegido, porque não podemos ser responsabilizados pelas ações de terceiros, só precisamos seguir as solicitações para retirar conteúdo, que foi o que fizemos todos os anos", afirmou.

A lei norte-americana do DMCA tem um conceito chamado de "Safe Harbor" (porto seguro). De acordo com essa disposição legal, prestadores de serviços de hospedagem de conteúdo, como o YouTube, não podem ser responsabilizados pelos atos de infração de direito autoral cometidos por usuários, desde que respeitem as solicitações enviadas por estúdios para retirar o conteúdo ilegal.
Kim Dotcom disse que não há risco de ele sair da Nova Zelândia e ir para um país onde não pode ser extraditado, porque todos os bens foram congelados e a única saída é "brigar". Ele se disse muito preocupado com a mulher – que está grávida de gêmeos – e ainda classificou a acusação como "insana" e "sem sentido".
"Se você ler o documento ajuizado e que a promotoria falou no tribunal, é US$ 500 milhões de danos somente sobre arquivos de música e em um período de duas semanas. Então seria US$ 13 bilhões de prejuízo em um ano só sobre músicas. A indústria de música inteira dos Estados Unidos é menor que US$ 20 bilhões. Então como pode um site ser responsável por tanto prejuízo?", questionou.
O fundador do Megaupload citou o processo da Viacom contra o YouTube, no qual o YouTube saiu vitorioso e não foi responsabilizado pelas ações dos internautas. Ele ainda citou o Mediafire, um site que presta os mesmos serviços do Megaupload e é localizado no Estados Unidos.
"Eu sou um alvo fácil. Minha extravagância, meu histórico como um hacker, sabe, eu não sou americano, vivo em algum lugar da Nova Zelândia e por aí no mundo. Tenho placas engraçadas nos meus carros. Eu não sou o Google. Não tenho US$ 50 bilhões na conta bancária.".
Na entrevista, Dotcom sugere que uma das causas pirataria é o modelo de licenciamento que impede um conteúdo de ter lançado mundial, forçando europeus a baixarem conteúdos novos que estão restritos aos Estados Unidos, por exemplo.
"Eu sou um inovador. Eu crio software. Eu crio soluções", afirmou Dotcom. "Todo mundo na arena das 'nuvens' tem os mesmos problemas [com pirataria]. Nós não somos os responsáveis pelo problema e isso é o que todo mundo precisa entender", afirmou.
Acusação
A investigação do FBI que acusou o Megaupload de facilitar pirataria durou dois anos – ao ser fechado, o site existia há sete. De acordo com o processo, o site demorou a cadastrar um representante na secretaria de direitos autorais norte-americana para receber a proteção do DMCA. Os investigadores ainda encontraram problemas no sistema que removia conteúdo ilegal.
Nos e-mails internos obtidos pela polícia, os responsáveis pelo site também negociavam pagamentos para usuários que hospedavam arquivos populares, muitos deles contendo conteúdo protegido dos estúdios e gravadoras.
O governo norte-americano está tentando extraditar os acusados aos Estados Unidos para serem julgados por um tribunal do país.

fonte: G1 tecnologia e games


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